segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Mentira e Furto de Crianças

Algumas situações preocupam frequentemente os pais, como é o caso de mentiras e roubos que as crianças por vezes manifestam. Devido ao impacto social que têm e ao embaraço que podem provocar, a tendência é para punir estes sintomas, muito mais do que compreendê-los e tentar perceber porque motivo acontecem.
É preciso ter em atenção que, tal como em quase todo o tipo de comportamentos, a gravidade destes sintomas depende essencialmente da frequência, intensidade e também da idade em que a criança ou adolescente os revela. Mentiras ou pequenos furtos (como por exemplo tirar um lápis a um colega ou um brinquedo) durante a infância não determinam motivo para preocupação. No entanto, se a preocupação surgir e se os comportamentos permanecerem, principalmente em crianças mais velhas, um psicólogo poderá avaliar qual o significado latente dos mesmos e se é ou não necessário intervir junto da criança e dos pais.
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A necessidade de mentir e/ou roubar poderá estar associada a uma forma de compensar algo que possa estar a ser sentido como uma falta. Na mentira, a criança tem a oportunidade de imaginar uma fantasia e de idealizar aquilo que deseja. A insatisfação perante alguma circunstância da realidade pode levar a sentimentos negativos, que quando não são tolerados transformam-se numa fantasia, ou seja, numa mentira que passa a ser vivida pela criança como fazendo parte de si.
Se a mentira surgir de forma muito repetida e inadequada, significa que a criança está em sofrimento e a precisar de negar a sua realidade.
Com os roubos acontece algo de semelhante, mas com a diferença de que a criança compensa-se a si mesma através de um objecto e não apenas de uma idealização. O objecto que é roubado pode até não ter nenhum valor material, mas tem um valor simbólico e um importante significado para a criança. Quando esta rouba um objecto de um amigo poderá por exemplo sentir que ao possuir algo dele, possuirá também algumas características que considere mais positivas, como ser mais sociável, bom aluno, popular, admirado pelos pares, entre outros. No fundo, de forma a sentir-se mais valorizado pelos outros colegas. Alguma perda ou ausência traumática pode estar na origem deste comportamento, mas a sensação de desvalorização pessoal é o mais frequente.
Há também as situações em que ao levar objectos de casa para dar aos amigos, a criança demonstra uma baixa auto-estima no sentido de ser uma forma de os agradar e tentar aproximar-se deles. Poderá sentir que as suas próprias características não são suficientes para que os outros gostem de si.
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Como foi dito inicialmente, punir estes comportamentos por si só não será suficiente para resolver o problema, pois não haverá espaço para se compreender verdadeiramente o que se está passar com a criança e para actuar na origem do que despoletou as mentiras ou os furtos. Se tiver dúvidas sobre como agir, procure um especialista.

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