quarta-feira, 4 de abril de 2012

Obsessão/Compulsão


A Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC), também designada por Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma perturbação de ansiedade muito frequente e fácil de diagnosticar.
Em linhas gerais, a obsessão caracteriza-se por pensamentos intrusivos, repetitivos e persistentes que provocam inquietação e mal estar, enquanto que a compulsão manifesta-se por comportamentos/acções que a pessoa se sente impelida a executar e que tem muita dificuldade em controlar.

Mais especificamente, as obsessões e as compulsões podem ser as mais variadas:
- limpezas excessivas, como lavar as mãos constantemente ou limpar a casa diariamente; organização muito metódica, como ter tudo sempre muito arrumado, sem estar quase nada fora do sítio; verificação, ou seja, estar sempre a verificar por exemplo se as portas de casa ou o gás ficaram fechados; contagem, que está relacionado com enumerar e contar objectos repetidamente, como por exemplo uma gaveta, duas gavetas, três gavetas; rituais e/ou superstições excessivas, no sentido de fazer sempre as mesmas coisas nas mesmas alturas, como por exemplo acender e apagar as luzes do quarto várias vezes antes de deitar, havendo a sensação de que se esses rituais não forem executados, alguma coisa irá correr mal; entre outros.

Ainda que os comportamentos possam ser muito diversos, a manifestação destes está relacionada com uma necessidade de "descarregar" a ansiedade, mesmo que esta não seja visível e a pessoa não se aperceba da mesma. A desorganização interna pela qual a pessoa esteja a passar é compensada por uma necessidade de organização e controlo exteriores. Explicando de uma forma simples: as coisas estão desarrumadas no interior da pessoa e ao arrumar ou controloar constantemente os objectos externos há uma sensação de alívio temporário. A obsessão é por exemplo estar sempre a pensar que as mãos estão sujas e com bactérias e a compulsão é a acção, nomeadamente ir lavar as mãos. Enquanto a pessoa não concretizar a compulsão, não consegue deixar de ter o pensamento obsessivo e sempre assim sucessivamente.

Quando a pessoa percebe que o seu comportamento está a ser excessivo poderá haver tendência para "resistir" à compulsão, mas por outro lado a ansiedade poderá aumentar significativamente, porque pode conseguir controlar a acção mas não se consegue da mesma forma controlar os pensamentos, e estes podem dia após dia ser muito desgastantes e afectar imenso a vida da pessoa. Deste modo, actuar apenas no comportamento não é suficiente e daí a importância de uma psicoterapia para se intervir nos mecanismos psicológicos e emocionais que estão na origem do desenvolvimento da perturbação.

As origens desta perturbação também são diversas e estão relacionadas com a história de vida de cada um. Por vezes, uma infância sentida como ameaçadora pode levar a criança ou jovem a sentir que precisa de ter sempre controlo sobre si próprio e sobre o que o rodeia. Na altura, a perturbação pode não se manifestar, mas mais tarde perante situações adversas do quotidiano as obsessões e as compulsões podem começar a ser despoletadas, instalando-se progressivamente.
Uma educação rígida, com pais exigentes que valorizem muito a boa performance dos filhos, também pode gerar muita ansiedade, na medida em que estes sentem que têm de corresponder às expectativas dos pais, havendo pouco espaço à manifestação das suas características com maior liberdade e descontracção.
Seja qual for a origem, existe tratamento e como a doença tem diferentes graus e intensidades na sintomatologia, é necessário estar atento ao evoluir dos sintomas, pois uma intervenção precoce é sempre o mais aconselhável.

Sem comentários:

Enviar um comentário